ARTIGOS

O IBAMA tem que ficar em Ribeirão
Artigo publicado no Jornal A Tribuna, de Ribeirão Preto, em 02 de junho de 2010

Muito se fala em proteção ao planeta, em cuidados com o meio ambiente, em consciência ambiental. Mas o que percebemos na prática é que as políticas públicas nesta área encontram dificuldade de execução pois esbarram na excessiva burocracia. Em março passado fomos surpreendidos com a notícia de que o IBAMA, um dos mais importantes instrumentos de defesa pública do meio ambiente, reduziria seu escritório regional de Ribeirão, também chamado de Unidade Avançada, a uma simples Base Operacional, o que significa dizer que o IBAMA de Ribeirão perderia seu papel de pólo regional, tendo que, a partir de então, responder ao Escritório Regional de São José do Rio Preto, uma cidade com cerca de 60% da população de Ribeirão. Nada contra a importante Rio Preto, mas tudo contra o verdadeiro “rebaixamento” de Ribeirão a subordinada.
A cidade de Ribeirão Preto, com seus mais de 150 anos, consolidou-se ao longo da história como um dos mais importantes pólos regionais, uma referência para toda a região noroeste do estado de São Paulo. A Unidade Avançada do IBAMA  em Ribeirão Preto, como não poderia ser diferente, é ponto de convergência natural para os moradores das cidades da região. São, atualmente, 85 municípios abrangidos, numa localização que tem nove Comitês de Bacias Hidrográficas, formados com a coordenação do IBAMA. Toda esta região comporta cerca de 3,55 milhões de habitantes, numa área de aproximadamente 9,5 mil quilômetros quadrados.
Estes números servem para dar uma dimensão da importância que o Escritório Regional tem no contexto do estado de São Paulo, por isso sua possível desativação e seu rebaixamento a Base Operacional não se justifica dentro do contexto social. Isso sem falar em seu destaque como agente efetivo de defesa do meio ambiente, em sua atuação sempre conjunta com as Delegacias de Polícia Federal, Procuradorias Federais, Promotorias Estaduais, Polícia Militar Ambiental, Justiça Federal, Promotoria do Meio Ambiente, além das muitas Prefeituras.
A transferência de importância administrativa do Escritório de Ribeirão para outra Unidade Avançada não apenas enfraquece o trabalho da equipe local, como também torna qualquer atividade extremamente burocrática e, conseqüentemente, mais lenta, emperrada diante de processos em que papeladas trafegam de Ribeirão a São Paulo, de São Paulo a Rio Preto, de Rio Preto a São Paulo e de São Paulo de volta a Ribeirão, para, finalmente, transformar-se em atitude.
Diante de tantos e tão fortes argumentos, minha luta em busca da manutenção do status e importância do IBAMA de Ribeirão tem feito com que eu busque alternativas políticas, como o Requerimento Oficial, aprovado pela Câmara, encaminhado a Senadores e Deputados Federais, as muitas conversas com forças políticas e formadores de opinião da região, a busca pela entrada nesta empreitada da força da Prefeita Municipal, Darcy Vera. Trabalho que culminou na visita pessoal ao presidente nacional do IBAMA, Abelardo Bayma Azevedo, em Brasília, e que resultou na conscientização em torno da importância estratégica do Escritório Regional em Ribeirão.
Tenho certeza de que este é o papel do político, o de olhar para sua cidade e região com o cuidado que ela merece e ser sua voz junto àqueles que interferem diretamente em seu destino. O Escritório Regional do IBAMA tem que ficar em Ribeirão Preto, repudio e lutarei sempre contra qualquer ato que rebaixe sua importância, ou tire seu status. Este é meu papel!

Marcelo Palinkas
jornalista e vereador




_________________________________________________________________



Ribeirão não merece a rodoviária merece
Artigo publicado no Jornal A Tribuna, de Ribeirão Preto, em 14 de março de 2010

Tenho visitado constante e insistentemente a Rodoviária de Ribeirão Preto e a cada vez fico mais triste com a situação da porta de entrada da maioria dos visitantes da cidade. Além dos problemas específicos, apontados em um documento encaminhado a Socicam, a junção de todas as deficiências do local gera um clima ruim no local. O ambiente da rodoviária é escuro, feio, com aspecto de sujo e sem informação visual clara.
A estrutura da Rodoviária não é funcional, nem acessível. Um cadeirante que viaja de ônibus encontra em Ribeirão a humilhação de ter que depender da boa vontade de um voluntário para auxiliá-lo a chegar na plataforma de embarque, pois não há rampas de acesso. Um funcionário de uma das empresas de ônibus contou-me que ao levar um cadeirante a plataforma, tendo que passar pelo lado de fora da rodoviária, pelo meio da rua praticamente, ambos, ele e o cadeirante, quase foram atropelados no percurso. Uma vergonha para uma cidade que pretende tratar seus cidadãos com igualdade, respeitando as diferenças.
Nesta semana uma amiga contou-me um fato que me fez refletir ainda mais. Ao descer da plataforma para a área de guichês, esta minha amiga tropeçou e levou um tombo. Ninguém se solidarizou e ajudou-a a levantar-se. O que parece um fato pequeno mostra como é o clima desumanizado do local. Um lugar feio, sem calor humano, sem acolhimento mínimo, deixa as pessoas ainda mais distantes umas das outras, não incentiva a gentileza. Por isso é comum ver gente jogando lixo no chão da Rodoviária de Ribeirão, mas é muito difícil ver alguém fazendo a mesma coisa no metrô de São Paulo, por exemplo. Lá as pessoas se sentem intimidadas em ter um comportamento depreciativo com o local que lhe oferece conforto e qualidade, o que não acontece por aqui.
Com feriados como o do Carnaval, o movimento na Rodoviária chega a registrar a passagem de até 50 mil pessoas. Um público deste que não terá nenhuma boa lembrança da passagem pelo maior terminal rodoviário da região, um dos maiores do interior do Brasil, pois este terminal não oferece nem mesmo praticidade a seus visitantes. Isso sem falar na falta de bebedores públicos, nas péssimas condições em que se encontra o único banheiro feminino em funcionamento e na verdadeira poluição acústica gerada pela falta de planejamento das muitas reformas feitas no prédio.
Sei que todas estas queixas são encaradas com desprezo pela Socicam, que insiste em reafirmar que todos os problemas estão a caminho de serem sanados e que nestes 34 anos a frente da administração do local tem se dedicado a buscar a melhor qualidade de atendimento. Mas se todo este tempo não foi suficiente para que a Socicam encontrasse o caminho, será preciso mais quanto sofrimento e vergonha? Definitivamente, Ribeirão Preto não merece a Rodoviária que tem.

Marcelo Palinkas
jornalista e vereador


__________________________________________________________________

Por uma cidade realmente limpa

Qual cidade queremos para nós? Como é a cidade que idealizamos e o que ela ainda tem de tão distante da cidade de Ribeirão Preto atualmente? Certamente este questionamento daria um longo texto, cheio de reivindicações e pontos em que nossa cidade precisa e deve melhorar.  Mas cabe aos responsáveis pelos destinos do município ouvir, pesquisar as pessoas e interpretar quais são os sonhos e desejos dos cidadão e trabalhar para aproximar a realidade a estes anseios. Nunca tomar decisões visando os próprios interesses.
Acontece que este caminho é cheio de desvios, pois se perguntarmos a alguns urbanistas sobre o tipo de cidade ideal, teremos respostas muitas vezes conflitantes. Há a linha dos que lutam pela preservação do patrimônio a todo custo e há os que defendem a completa modernização do visual urbano.
A mesma questão pode ser levada em conta quando falamos do projeto “Cidade Limpa”, que pretende combater a terrível poluição visual que assola Ribeirão Preto e enfeia toda e qualquer possibilidade de ter em nossas ruas os cartões postais que desejamos.
A Comissão Especial de Estudos “Cidade Limpa” da Câmara Municipal , instalada para colher informações, opiniões e sugestões para a implantação de uma lei que regulamente o uso do espaço público para publicidade externa, sem afetar negativamente o visual da cidade, começa a colher frutos. A discussão ganhou as ruas e há divergência de como a lei deva ser estabelecida. O único consenso é o de que modelos prontos não nos servem. O que foi feito na capital São Paulo, hoje mostra frutos, pois o povo reconhece o quanto a cidade está mais bonita, mas o amargo remédio por lá implantado para sanar um problema, não se encaixa em nossa realidade, é preciso criar novos caminhos, pensar novas soluções, mas, acima de tudo, agir de um novo jeito, conciliando a necessidade de uma cidade livre da poluição visual com a realidade econômica que tem na atividade publicitária a fonte de renda de todo um segmento.
E é preciso coragem para fazer o que tem que ser feito. O mais importante neste momento é ouvir as áreas interessadas e a comunidade. O trabalho está sendo feito e o projeto pretende ir muito além da proibição de outdoors ou regras para placas. Um projeto que leve o nome “Cidade Limpa” tem que contemplar leis sobre a limpeza da cidade em todos os seus sentidos. Afinal, combater a poluição visual é uma atitude ecológica de valor e que merece ser tratada com todo o respeito. Inclusive com o cumprimento de prazos para entrega de relatório sólido sobre o qual a nova lei seja sedimentada, aplicada e cause o efeito esperado. O efeito de uma cidade mais próxima com nosso sonho. Afinal, Ribeirão merece mais!

Marcelo Palinkas
jornalista e vereador

__________________________________________________________________




A experiência da política Alemã, um exemplo a seguir

Viajar é sempre um prazer e pode ser uma grande oportunidade de aprendizado. Recentemente tive a oportunidade de comprovar na prática o quanto uma boa viagem nos ensina. A convite da Fundação Friedrich Naumann, uma entidade ligada ao Partido Liberal Alemão, fui um dos cinco vereadores brasileiros a participar de uma viagem de estudos à Alemanha.
Foram dez dias de cursos, com uma extensa programação de palestras, reuniões, visitas a Câmara Federal, a Câmara Estadual e outros órgãos governamentais alemães. Uma oportunidade inesquecível de saber um pouco mais sobre este país onde “tudo funciona e funciona bem”.
Nas palestras e reuniões organizadas pela Fundação Friedrich Naumman pude saber um pouco mais sobre o modelo político baseado no Liberalismo e sua aplicação prática numa sociedade. Conheci de perto a estrutura de funcionamento do governo Alemão e vi como é na prática o sistema parlamentarista de governo.
Acima de tudo, pude vivenciar um pouco da cultura e do estilo de vida alemão. Fiquei muito bem impressionado com o que vi, uma nação que já passou por problemas tão terríveis em sua história é hoje um país organizado, onde o cidadão exerce seus direitos e assume seus deveres (veja legendas das fotos). Um país que me mostrou o quanto é possível fazer política de maneira eficiente, honesta e para o bem comum.

Lá é clara a divisão das responsabilidades. O governo oferece a estrutura e a população faz a parte dela que é o respeito às regras. Um exemplo desse respeito podemos ver no dia a dia no trânsito das cidades onde a sinalização é extremamente respeitada. O governo deu a estrutura de ciclovias e cabe à população respeitar a mão correta de direção, respeitar a sinalização, parar no sinal vermelho para ciclistas onde existe. O pedestre, por exemplo, se o sinal está vermelho, ele para e espera, não atravessa enquanto o sinal não fica verde, mesmo que não estejam passando carros nas ruas ou avenidas naquele momento.
Voltei à Câmara de Ribeirão com ainda mais força para enfrentar os problemas o dia-a-dia legislativo, que muitas vezes é moroso, burocrático e lento nos resultados. Descobri que quando o poder público e a população cumprem seus papéis, o resultado é a eficiência administrativa e isso só é possível se a relação entre o povo e o governo for baseada em dois pontos primordiais: Confiança e Respeito. Mútuos, sempre.
Mas, acima de tudo, tenho visto, não apenas na viagem a Alemanha, mas também nos bons exemplos pelo mundo e em nosso país, que para atuar na política é preciso, acima de tudo, ter Coragem. E esta, por enquanto, não tem me faltado.



Marcelo Palinkas
jornalista e vereador
_________________________________________________________________



Política do Automóvel

Diante da discussão da mobilidade urbana está a facilidade de adquirir um carro, cada vez mais sofisticado tecnicamente. Enquanto isso, as estradas enfrentam muito mais com o descaso, buracos, falta de sinalização e fiscalização do que inovações e crescimento.
A saturação nas grandes cidades é visível. Além disso, as marcas antes inacessíveis ao grande público começam a abrir espaço, com modelos de custo menor. A BMW, por exemplo, viu a operação da sua indústria, multiplicar-se nos últimos dez anos no Brasil. Agora quer mais, e prevê dobrar a participação por aqui. E não param de chegar novas marcas de olho nesse mercado promissor, que é cada vez mais crescimento aquecido pelas marcas: italiana, alemã, coreana, chinesa, japonesa, americana, francesa e por aí vai. Uma pequena amostra de que o mundo está de olho no Brasil.
Sendo assim, os automóveis cada vez mais invadem as apertadas e insuficientes avenidas, em detrimento do transporte coletivo que morre a cada dia nos infindáveis debates, promessas e projeções.
Já que a capacidade de colocar máquinas nas ruas da indústria automobilística é infinitamente maior que a do Poder Público em criar infraestrutura viária, restam aos administradores buscar soluções paliativas com a criatividade e “coragem” dos engenheiros de trânsito em colocar em prática as mudanças necessárias para melhorar a fluidez do tráfego nas cidades.
Muitos não visualizam que o trânsito é o principal cartão de visita de um município, sem ele não seria possível a locomoção do visitante.
No caso de Ribeirão Preto que tem uma das maiores frotas por habitante entre os municípios brasileiros, resta agora buscar as alternativas necessárias que acabam descontentando alguns e agradando a muitos. A mais recente está na mudança de duas faixas de rolamento para três faixas na Avenida Francisco Junqueira.
É exatamente a mesma alteração que já foi realizada na Avenida Independência, que no passado teve duas faixas e hoje três. Será que é possível imaginar esse corredor nos dias atuais com apenas duas faixas? Vamos fechar os olhos e imaginar! É claro que não tem como, pois só duas faixas de rolamento na Independência seriam suficientes para um congestionamento enorme, sendo que com três faixas o trânsito é carregado naquele local.
Se puxarmos na memória é fácil lembrar que houve muita reclamação ainda no período da mudança. O tempo passou, o comércio se adaptou a nova realidade, e não faltam clientes, os motoristas agradecem.
Infelizmente esse é o preço do progresso sem planejamento. Agora vamos fechar os olhos e imaginar a Francisco Junqueira amanhã com as três faixas de rolamento e o trânsito fluindo mais rápido, é da para prever os comentários do futuro.
- Ufa, como melhorou.
A população espera e pode fazer esse comentário em outros tantos pontos problemáticos em nossa Ribeirão, como por exemplo, na Avenida Dom Pedro, na rotatória entre as avenidas Castelo Branco, 13 de maio, Maria de Jesus Condeixa.
Enfim, é um conjunto de medidas necessárias que vai desde o entendimento de parte da sociedade em aceitar as mudanças ao investimento do Poder Público até a ação do órgão gestor de trânsito, com a criatividade dos engenheiros em busca de soluções.
Um trânsito ordenado é fruto de uma sociedade evoluída e eu acredito, chegaremos lá. Um trânsito bem menos violento, motoristas e pedestres se respeitando uns aos outros.



Marcelo Palinkas
jornalista e vereador